domingo, 9 de março de 2008

Linguagem Impessoal

Olá!

Como muito provavelmente vocês devem saber, textos dissertativos e científicos devem ser escritos com linguagem impessoal, o que significa, basicamente, o emprego da terceira pessoa do singular.

Repetia essa estrutura sem contestá-la, afinal de contas apresentaram-na, no colégio, como uma verdade clara e irrefutável. Contudo, qual não foi minha surpresa ao ler um texto de Rubem Alves, em minha apostila de Gramática, que a criticava duramente:

“No dia 13 de agosto de 1979, dia cinzento e triste, que me causou arrepios, fui para o meu laboratório, onde, por sinal, pendurei uma tela de Bruegel, um dos meus favoritos. Lá, trabalhando com tripanossomas, e vencendo uma terrível dor de dentes...” Não. De saída tal artigo seria rejeitado, ainda que os resultados fossem soberbos. O estilo... O cientista não deve falar. É o objeto que deve falar por meio dele. Daí o estilo impessoal, vazio de emoções e valores:

Observa-se

Constata-se

Obtém-se

Conclui-se

Quem? Não faz diferença...

(ALVES, Rubem. Filosofia da ciência. São Paulo: Brasiliense, 1991, p. 149)

Essa surpresa causou um certa reflexão, que acredito ser interessante, a respeito dos textos dissertativos e científicos. É triste notar que, por mais genial que seja o cientista ou escritor, ninguém irá se importar com a opinião dele a respeito do estudo, apenas se importarão com aquilo que foi estudado ou escrito. Portanto, enquanto o sujeito do conhecimento habita em um mar de escuridão, o objeto do conhecimento resplandece em um mundo de luz.

Até mais!

PS: Preciso pensar em uma nova saudação.

PS 1: Eu até pretendia escrever sobre uma coisa que reparei recentemente, mas estava com preguiça de escrever um texto novo... Então, decidi pegar essa postagem que já estava escrita há um tempinho...

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