sexta-feira, 25 de julho de 2008

O Príncipe, de Nicolau Maquiavel

Olá a todos!


O homem da pintura é, provavelmente, uma das pessoas mais conhecidas do planeta, afinal de contas foram poucos os nomes próprios que geraram adjetivos, certo? Nicolau Maquiavel, grande estudioso e pai da Ciência Política, é, certamente, um dos maiores intelectuais de todos os tempos.



Seus escritos em O Príncipe permanecem, tristemente, atuais. Neste livro, são citados erros e falhas cometidos por líderes dos nossos dias. Também é possível perceber, claramente, que diversos dos nossos políticos tomam atitudes baseadas, indubitavelmente, nos ensinos de Maquiavel. Mais interessante do que isso, é constatar que diversos dos nosso políticos deveriam ler o O Príncipe e aprender algo com este antigo mestre.

Abaixo, transcrevo e comento alguns trechos que creio ser, particularmente, interessantes:


· O príncipe precisará sempre do favor dos habitantes de um território para poder dominá-lo, por mais poderoso que seja seu exército. (Presidente Bush e o exército americano descobriram isso, às custas de muito sangue, no Iraque.);


· Além disso, causará uma ofensa muito grave, pois a presença do exército, inconveniente sentido por todos, causará injúria a todos os habitantes, fazendo deles inimigos. E são inimigos que podem causar dano, pois, embora vencidos, estão em sua própria casa. (A Guerra do Iraque também é um exemplo muito bom para esse trecho.);


· É o que ocorre com os negócios do Estado: pois a antevisão (o que só é dado ao homem prudente) do males que virão torna possível curá-los facilmente. Porém, quando esses males se avolumam, por falta de tal previsão, de modo que todos podem já reconhecê-los, não há mais remédio que posso controlá-los. (Ainda bem que o Banco Central, diferentemente da Fazenda, é prudente e anteviu o retorno da inflação, agindo quando necessário. Espero que a Fazenda resolva ajudá-lo antes que seja tarde demais.);


· Fará como os arqueiros experientes, que, quando desejam acertar uma posição muito distante, conhecendo o alcance da sua seta, alvejam um ponto muito mais elevado, não para atingi-lo, mas para alcançar a posição que pretendem de fato ferir, por meio desta mira elevada. (Creio que na quinta séria, minha professora de História mostrou a classe essa frase incentivadora de empenho e sucesso. Não a havia anotado nem me lembrava de seu autor. Fiquei super feliz em redescobri-la!);


· São esses os métodos que deve seguir um príncipe prudente, nunca permanecendo ocioso em tempos de paz, mas, ao contrário, capitalizando experiência, de modo que qualquer mudança da sorte o encontre sempre preparado para resistir aos golpes da adversidade, impondo-se a ela. (“Si vis pacem, para bellum.” Se desejas a paz, prepara-te para a guerra. Eu sustento a opinião de que a temida e apocalíptica corrida armamentista da Guerra Fria foi o que, de fato, salvou o mundo da Terceira Grande Guerra, pois as super-potências se fortaleceram tanto que temiam não apenas uma a outra, mas também temiam a si mesmas.);


· Quem quiser praticar sempre a bondade em tudo o que faz está fadado a sofrer, entre tantos que não são bons. (Triste, mas veraz.);


· Todos sabem que é louvável em um príncipe manter a palavra empenhada, e viver com integridade e não com astúcia. Entretanto, a experiência dos nossos dias mostra que os príncipes que tiveram pouco respeito pela palavra dada puderam com astúcia confundir a cabeça dos homens e chegaram a superar os que basearam sua conduta na lealdade. (Também triste, e também veraz.);


· Como sabemos, pode-se lutar de duas maneiras: pela lei e pela força. O primeiro método é próprio dos homens; o segundo, dos animais. (Concordo plenamente.);


· Quando os súditos têm seu patrimônio e honra respeitados, vivem geralmente satisfeitos. (Quem diria que o Brasil de nossos dias seria o exemplo ideal para esse trecho? Afinal, Collor teve bem menos escândalos do que o Lula e caiu. A diferença é que, no governo daquele, mexeu-se no bolso do cidadão e a economia ia mal e, no governo deste, a economia vai consideravelmente bem e a renda da população aumentou.);


· Faz parte da natureza das coisas o fato de que jamais se tenta evitar uma dificuldade sem cair noutra; a prudência consiste em saber reconhecer a natureza dos inconvenientes, aceitando como bom o menos mau. (Frase bastante sábia, não? Creio que ela valha não apenas para os nobres governantes, mas também para a vida cotidiana dos plebeus.);


· A escolha dos ministros por parte de um príncipe não é coisa de pouca importância: os ministros serão bons ou maus, de acordo com a prudência que o príncipe demonstrar. A primeira impressão que se tem de um governante e da sua inteligência é dada pelos homens que o cercam. Quando estes são eficiente e fiéis, pode-se sempre considerar o príncipe sábio, pois foi capaz de reconhecer a capacidade e de manter fidelidade. Mas quando a situação é oposta pode-se sempre fazer dele mal juízo, porque seu primeiro erro terá sido cometido ao escolher seus assessores. (Curiosamente, o presidente Lula é o exemplo de sabedoria e o de mal juízo, afinal ele nomeou excelentes conselheiros, como o Henrique Meirelles, o Pallocci e, até mesmo, o Mantega, e péssimos assessores, como Dirceu, Genoíno e o Pallocci também.);


· Só são boas, seguras e duráveis aquelas defesas que dependem exclusivamente de nós, e do nosso próprio valor. (Outra frase bastante sábia, não?);


· Só conseguem ter êxito na medida em que seus procedimentos sejam condizentes com as circunstâncias; quando se opõem a elas, o resultado é infeliz. (Mais uma frase bastante sábia, não?);


· A guerra é justa para aqueles a quem é necessária; e as armas são sagradas quando nelas reside a última esperança. (Tenho que discordar, com veemência, de Maquiavel. A guerra não é nada mais além da ruína da razão.).


Observação: Na edição de O Príncipe que eu li (Martin Claret), havia notas de rodapé quase tão divertidas e intrigantes quanto o livro. Quem as escreveu foi Napoleão Bonaparte. Por essas pequenas anotações, é possível perceber parte da personalidade de um dos maiores generais de todos os tempos. Ele era arrogante, pedante e metido, além de belicoso e sanguinário. Ainda bem que o General Inverno o venceu na Rússia!


Valete, Fratres!

Vítor Augusto Possebom.


PS: Duas postagens em um dia!!!

PS 1: Iniciarei a leitura do que acredito ser um dos melhores Tratados de Oratória já escritos pela humanidade. Seu autor: ninguém menos que Marco Túlio Cícero!

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