terça-feira, 13 de maio de 2008

A Descontinuidade do Ensino

Olá a todos!

Atualmente, como boa parte dos que me conhecem pessoalmente devem saber, meu tempo tem sido ocupado, basicamente, por estudos para o vestibular, revisões para o vestibular e outras ações relacionadas ao vestibular. Logo, eu, predominantemente, dedico a maior parte do meu tempo ao ensino.

Devido a esse fato, eu creio que posso tranqüilamente falar sobre os métodos de ensino, mais especificamente o tradicional (pouco conheço o Construtivismo, o Waldorf e outros).

Em geral, considero o ensino tradicional um método bastante pragmático e com bons resultados. Esse fato eu não posso negar. (Por isso, estudo em um excelente colégio tradicional). Contudo, vejo algumas falhas nesse método, que eu chamarei de descontinuidade do ensino.

A descontinuidade do ensino consiste em ensinar algo e depois deixá-lo temporariamente em um limbo intelectual. Esse objeto do conhecimento, por conseqüência, será considerado inútil pelo aluno, ignorado e, muito provavelmente, esquecido. Ocorre que esse objeto não é inútil e, indubitavelmente, será utilizado em estudos futuros. Para sair do campo da abstração e entrar no mundo concreto, são dados três exemplos.

· 1º Exemplo: Potência de base 10. Pelo que me lembro, essa matéria é ensinada na sétima série como um caso particular da potenciação. Ela é tratada de forma bastante rápida e simplista, como se não passasse de uma nota de rodapé. Após essas poucas aulas nas quais a potência de base 10 é ensinada, os livros e professores parecem se esquecer da existência dela, fazendo com que, inevitavelmente, o aluno se esqueça desse conteúdo. Esse fato é bastante prejudicial ao aluno, pois, no Ensino Médio, a potência de base 10 será fundamental ao estudo da Física e ele terá que praticamente reaprender o uso da base 10.

· 2º Exemplo: Teorema de Pitágoras. Esse teorema se aprende na quinta série como se fosse uma das coisas mais simples do mundo e é abandonado até o primeiro ano do Ensino Médio. Devido a essa simplicidade, que muitos alunos associam à facilidade, e a esse abandono, os alunos pensam que esse teorema é algo inútil. Esse pensamento é um dos erros mais graves do ensino. O Teorema de Pitágoras é, muito provavelmente, a fórmula mais importante de toda a Matemática, tendo em vista que, sem ele, seria impossível resolver quase todos os exercícios de Geometria, seja ela plana, espacial ou analítica.

· 3º Exemplo: O método como Português é ensinado. De fato, seria difícil ensinar Língua Portuguesa sem dividi-la em Gramática, Literatura e Redação. Contudo, da forma como essa secção é feita, parece que essas três áreas são totalmente isoladas e descontínuas, o que faz com que o aluno não interligue as matérias. Ou seja, o aluno não percebe que a leitura de livros contribui para o desenvolvimento de seu pensamente e argumentação, bem como não nota que a Sintaxe contribui para uma transmissão mais clara e precisa de seus pensamentos.

Espero, caros leitores, que tenham entendido o que é a descontinuidade do ensino. Qualquer dúvida, eu me disponho a tentar esclarecer nos comentários.

Por motivos de seriedade, eu não vou simplesmente criticar e não propor nenhuma solução. Creio que elas sejam fáceis de ser aplicadas. Elas são, inclusive, óbvias, de modo que alguém já deve tê-las proposto. Elas são:

· Solução para os exemplos 1 e 2: Fazer revisões periódicas e SEMPRE destacar a enorme importância desses assuntos, bem como de outros temas que, apesar de fundamentais são tratados com uma certa desimportância e, até mesmo, descaso.

· Solução para o exemplo 3: Informar ao aluno a importante interação entre as três áreas da Língua Portuguesa, mostrar a ele que Literatura, Gramática e Redação são inseparáveis. Essa ação pode ser feita, por exemplo, incentivando o aluno a utilizar os conhecimentos sintáticos aprendidos nas aulas de Gramática em suas redações.

Essa é, bem resumidamente, a minha teoria sobre o ensino. Eu, de fato, não penso que algum intelectual vá levá-la a sério, mas, talvez, pessoas jovens e indagadoras se interessem por ela.

Acho que isso é tudo.

Até mais!

Vítor Augusto Possebom

PS: Muito provavelmente, essa minha teoria ainda tenha que sofrer modificações e aperfeiçoamentos.

PS 1: Ainda há mais algumas idéias sobre o ensino, como, por exemplo, a existência de apenas uma operação matemática!

PS 2: Pretendo ainda escrever um texto “Viva ao Brasil”, afinal de contas creio gostar da minha nação. PS do PS 2: Só escrevi o “Vive la France” (http://argumentoparnasiano.blogspot.com/2008/03/vive-la-france.html) porque precisava representar o ministro francês durante o IV Fórum FAAP.


PS 3: Acho que, até agora, essa é a mais longa postagem que contenha apenas textos meus.

3 comentários:

Anônimo disse...

Discordo completamente de tudo que vc falou...
Primeiro, vc fala de "Potencia de base 10" como algo muito complexo...sinceramente, não acho que exista ninguem, no 3 ano, que tenha qualquer dificuldade com esse tipo de conta...
Segundo, com relacao ao Teorema de Pitagoras. Do jeito que vc fala, parece que ele é aprendido "rapidamente" numa setima serie, por exemplo, e nunca mais é retomado, até o 3 ano.. Nunca estudei com vc, mas quando estudei, usei o Teorema de Pitagoras ( e até hoje uso) em todos os anos de colégio, praticamo-os à exaustão....Logo, por mais que seus primeiros parágrafos tenham um fundo de verdade, não acho que seus exemplos façam sentido!

Vítor disse...

De fato, talvez a Matemática não seja o melhor exemplo da descontinuidade no ensino. Muito provavelmente, o melhor exemplo continue sendo Língua Portuguesa, pois pontuação, ortografia, acentuação e concordância parecem ser matérias distantes demais daqueles que já abandonaram os bancos do Ensino Médio.

Ramon disse...

manifesto mew apoio à essa teoria